O Charco restaurante é daqueles lugares que comprovam que o menos é mais e que o respeito aos bons ingredientes reina na nova cozinha.
Mirabolante por lá, apenas o domínio do fogo.
Aquele que o homem tem, desde os primórdios, a insana mania de tentar controlar.
chefs Tuca Mezzomo e Nathalia Gonçalves – foto Elisete Borim
Pois o chef Tuca Mezzomo conseguiu a proeza, extraindo o melhor de cada ingrediente em sua forma assada, tostada, defumada e/ou caramelizada.
São carnes, peixes, frutos do mar e vegetais sempre frescos.
Oriundos de produtores que se preocupam com a excelência do que produzem.
O menu do Charco restaurante é bastante enxuto, outra tendência da gastronomia. E dispensa grandes descrições, porque o que se lê no cardápio é o que se recebe à mesa.
Tuca, que já foi subchef do Dalva e Dito e chef executivo do Grupo Nino, sabe o quão fundamental é a qualidade da matéria-prima.
Charco Restaurante – foto Rogério Voltan
Tanto que produz em sua nova casa a própria manteiga, stracciatella, queijo de cabra fresco, tahine e embutidos como cotechino, linguiças e morcilha.
A cozinha do chef é inspirada no Sul do Brasil, remetendo às suas origens, mas não se prende a receitas ou modos de preparo tradicionais.
O restaurante tem ambiente rústico com elementos naturais como as mesas de toras de madeira.
Enfim, os tijolos aparentes complementam a rusticidade e a luz cria uma ambiente intimista.
São 40 lugares espalhados entre o salão principal, sala privativa e mesas no quintal, localizado na entrada da casa.
Cotechino – foto Alessander Guerra (Cuecas na Cozinha)
Charco restaurante – Menu
O Cotechino, um embutido de carne de porco, é entrada imperdível!
Servido fatiado sobre pão brioche, tem perfeita finalização de uma fatia de cebola, que dá um toque adocicado, e picles de grãos de mostarda que trazem picância e acidez interessante ao prato.
Mas antes do Cotechino (R$22 o par), vale pedir o couvert.
Pãozinho em formato arredondado que tem gostinho de caseiro, feito em casa, casa de vó, com cheirinho de saído do forno.
Bem como Manteiga feita na casa e flor de sal para acompanhar (R$8).
Cuscuz Dona Dalva – foto Alessander Guerra (Cuecas na Cozinha)
Outra opção de entrada que vale compartilhar é o saboroso Cuscuz Dona Dalva feito com charque e linguiça (R$29).
Os amantes de morcilha (linguiça de sangue), vão se deliciar com a opção servida com compota de maçã, cebola e ovo (R$32).
Completam as entradas do Charco restaurante: Salada de abobrinha, creme de ervilha e iogurte, folhas (R$24) e Camarão Rosa, avocado e quinoa (R$32)
Arroz pegado de Polvo – foto Alessander Guerra (Cuecas na Cozinha)
Charco restaurante –Pratos Principais
Vegetais assados, tahine e sementes (R$49) são uma opção vegetariana e vegana do cardápio do chef Tuca Mezzomo.
O fogo carameliza os vegetais, mas mantém sua integridade.
O Arroz pegado de Polvo (R$69) é sugestão para os apaixonados pelo molusco.
Frito até pegar na panela, o arroz ganha um toque tostado e crocante.
Continuando nessa pegada aquática, há Peixe do dia na brasa (R$74).
Ovelha assada (R$54) é um prato bem tradicional no Rio Grande do Sul, aqui seu acompanhamento é purê de milho tostado e radiche (R$54).
A opção para quem quer carne de porco é a Copa lombo com feijão mexido (R$59).
Chuleta – foto Alessander Guerra (Cuecas na Cozinha)
Enveredando pelas carnes vermelhas, o domínio do fogo continua preciso. Bem como, a excelência dos cortes.
Infelizmente não pude provar a Costela na lenha (R$74) porque estava em falta no dia.
Segundo o chef, veio fora do padrão e foi devolvida. Prezar pela qualidade tem seus contratempos.
Mas nós clientes devemos entender quando um chef nos explica isso, porque é um atestado do quanto ele se preocupa com o que vai servir.
Felicidade foi encarar a tenra Chuleta (R$119 – 400 g).
Assada à perfeição, com marmoreio que lhe trazia um toque amanteigado, desmanchando na boca.
Só de escrever deu vontade de comer outra agora!
Completando as opções de carne há Bife de Vacio (R$59).
Todas as carnes vermelhas acompanham vegetais na brasa, folhas e vinagrete.
Detalhe, a salada de folhas é tão fresca e tem sabor tão intenso, que nos dá a impressão de ter sido colhida naquele momento.
Perceberam que, mesmo o menu do Charco restaurante sendo enxuto, há diversas opções contempladas?
Butiá, laranja e iogurte – foto Alessander Guerra (Cuecas na Cozinha)
Charco restaurante – sobremesa – capítulo à parte!
Ok, a comida é muito boa, mas quantos restaurantes bons que você frequenta que na hora da sobremesa não há sintonia?
Pois no Charco restaurante a chef confeiteira Nathalia Gonçalves, também sócia da casa, é criativa e executa bem os doces que oferece.
Há apenas três sugestões e não precisa mais.
Butiá, laranja e iogurte (R$24) é uma pedida certa!
O butiá, fruta bem conhecida no Sul do Brasil, vem de uma palmeira e tem forma de um coquinho.
Existe até uma expressão gaúcha “Me caiu os butiá do bolso” para declarar espanto ao ouvir uma notícia inesperada.
É tipo assim, você pegou vários butiás, coquinhos pequenos, e encheu seus bolsos.
Então sai andando e, de repente, alguém te conta uma bomba, você breca e bah!
Os butiás, dessa forma, caem dos seus bolsos, tamanha a surpresa.
Para quem quiser conhecer mais sobre o butiá acesse esse link do Slow Food Brasil que explica o fruto em detalhes.
Nathalia aproveitou muito bem o toque ácido da fruta para fazer o seu sorbet.
Servido sobre fatia de laranja caramelizada, que empresta o cítrico e o doce ao prato.
Finalizando com um levíssimo iogurte batido e caramelo de maracujá.
Cacau e suas variações – foto Alessander Guerra (Cuecas na Cozinha)
Cacau e suas variações (R$26) é outra preparação que encanta os olhos e o paladar.
Nessa leitura temos o sorbet de mel do cacau, geleia de cacau, semente de cacau, manteiga de cacau, bolo de chocolate branco e chocolate ao leite e amargo.
Tudo muito bem apresentado com contraste de texturas e intensidades variadas de potência do sabor do cacau.
Outra sugestão é um clássico revisitado da cozinha gaúcha Cuca, maçã e canela (R$18).
Charco restaurante – bebidas
Em uma adega aparente, que fica no corredor na lateral da cozinha, estão dispostos os vinhos da carta.
Quem comanda o serviço de vinhos é João Pichetti, ex-sommelier do D.O.M, que também gerencia o salão.
Uma combinação inusitada proposta pelo João para acompanhar as entradas foi o vinho fortificado espanhol La Ina Fino, um Jerez premiado servido em taça R$30 ou garrafa R$245.
Outra dica da mesma forma certeira para acompanhar bem a Chuleta é o tinto brasileiro Reserva dos Pampas.
Corte de Cabernet Sauvignon , Tannat e Merlot é envelhecido 5% em barris de carvalho por 12 meses.
Produzido na vinícola Cordilheira de Sant´ana em Sant’Ana do Livramento (Campanha Gaúcha).
Igualmente servido em taça R$25 ou garrafa R$85.
À frente do bar está Márcia Martins (ex-bartender do Maní), preparando drinks autorais e grandes clássicos.
Assim já que estamos numa casa que homenageia o Sul do Brasil nada como provar drinks que se inspiram na região.
Loco de Especial – vodka Tito´s, bergamota (e não venha dizer que é mexerica!), bitters de Angustura, tônica e espuma de gengibre R$32
foto Julia Rodrigues
Charco
Rua Peixoto Gomide, 1492 (mapa)
Tel: (11) 3063-0360
Serviço completo no Instagram do Charco restaurante
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