Era uma vez um menino que vendia bombom…. Foi com essa história em vídeo e ao som de “Viver, e não ter a vergonha de ser feliz…” que o hoje consagrado chef pernambucano Rivando França, começou a contar sua história. Ainda vestido, sem seu dólmã, e com uma mochila pendurada no peito, ele distribuiu seus bombons de macaxeira, comovendo a platéia, que assistia sua aula no Mesa ao Vivo, evento da Semana Mesa SP, organizada pela revista Prazeres da Mesa e pelo Senac São Paulo.
O menino vivia no colo da mãe costureira, pendurava-se no irmão que carregava lata d´água pra ajudar nas contas de casa. Adorava acompanhar seu pai nas visitas ao mercado para comprar feijão e igualmente ficar em volta dele enquanto cozinhava para dar de comer à famíla. O menino do bombom cresceu vendo o pai dividindo comida à mesa para servir à todos, muitas vezes a única mistura da semana era pé de galinha, mas ele sabia que nasceu pra ser diferente….
Certo dia começou a vender bombom de macaxeira, e assim iniciava um pequeno negócio ambulante. Mas o tempo foi passando, ele foi crescendo e pensou que deveria ter um lugar para que as pessoas também pudessem ir comprar os seus bombons que, a essas alturas, já ganharam outros sabores típicos do Nordeste. Assim começou a atender pessoas em casa, recebendo amigos que vinham comprar bombons; como ficavam no papo, resolveu cozinhar e servir Escondidinho de Macaxeira em duas ou três mesinhas improvisadas.
Mas quantas vezes esse, agora rapaz, não chorou se perguntando quando alguém, além dos amigos, entraria no seu “estabelecimento” pra comer sua comida! Até que um dia três chefs nordestinos já consagrados: Claudemir Barros (Wiella Bistrô), Duca Lapenda (Pomodoro Café) e Joca Pontes (Ponte Nova) sentaram numa de suas mesinhas, deixando-o bastante nervoso. A partir daí com a divulgação deles, em 5 meses seu Escondidinho de Macaxeira já era destaque na Veja Recife. De lá para hoje, com 3 anos de casa, já foi chef revelação indicado pelo Guia 4 Rodas. Seus pratos com sabores regionais foram incrementados e seu Cozinhando Escondidinho ganhou novo endereço com direito a 82 lugares e 14 funcionários (toda a família). Hoje ele não faz apenas sua cozinha autoral, tem de se preocupar em representar o Estado de Pernambuco, levar o melhor dessa cozinha para outras partes do Brasil e do mundo. Em sua missão não é um chapéu de chef que o acompanha, mas sim o típico de couro e o orgulho de servir a comida de seu Estado.
“Se você não sabe de onde vem, não vai saber pra onde vai” finalizou Rivandro no exato momento que apresentava no vídeo, seu novo parceiro de cozinha, o filho de 12 anos.
O prato que ele preparou para a sua aula, foi pensando num símbolo de todos os nordestinos que vieram pra São Paulo ajudar a construir essa cidade, a colher de pedreiro.
Quem acompanha o Cuecas na Cozinha, entende bem porque, vez ou outra, escrevo essas histórias. Justamente pra alertar que a cozinha está dentro e não fora das pessoas. Fora você aprende técnicas e tudo o que for preciso para aperfeiçoar o trabalho, mas a alma de um cozinheiro é a sua essência. Bato muitas, mas muitas palmas mesmo para Rivandro França, que me emocionou desde a primeira vez que o encontrei na Semana Mesa SP, quando me foi apresentado pelo grande chef Wanderson Medeiros (Picui), e carregava essa mesma mochila do rapaz do bombom.
Cozinhando Escondidinho
Rua Conselheiro Perett 106A
Casa Amarela – Recife – PE
55 81 9669-3924 / 55 81 8618-6781
Amo gente simples e vencedora.