Durante minha viagem à Espanha, enquanto estava em Barcelona, fui convidado para visitar a Freixenet, empresa que é líder mundial na produção de espumantes com mais de 100 milhões de garrafas do líquido de borbulhas produzidas por ano. Obrigado à Cristina Blasi Villalmanzo, que nos acompanhou (eu e a responsável pelas fotos dessa matéria Jane Prado) durante toda a visita, guiando-nos pelos caminhos subterrâneos cheios de histórias da vinícola. Esse tour pela Freixenet , que hoje já atrai mais de 90 mil visitantes/ano, pode ser agendado no site espanhol da empresa (clique aqui).
A história da Freixenet inicia em 1861, na pequena cidade de Sant Sadurní d´Anoia, na região catalã do Penedés, época em que a família Sala começa um modesto empreendimento para a produção e exportação de vinhos de qualidade. Já no começo do século XX, Dolores Sala, uma das filhas, profunda conhecedora da produção vinícola, se casa com Pedro Ferrer Bosch, homem de negócios, filho mais jovem dos donos da vinícola “La Freixeneda”. A união criou em 1914 a Freixenet , que começa a exportar uma variedade de vinho espumante que mais tarde receberia o nome de “cava”.
Região e origem D. O. Cava
Na Espanha, a produção de Cava, nome regulado como Denominação de Origem (D.O. Cava), tem diversas áreas geográficas, integradas por 135 municípios espanhóis, mas se concentra especialmente na região de Penedés, na Catalunha, ao sul de Barcelona.
As origens do Cava estão associadas a ascensão do champanhe francês no final do século XVIII e ao crescimento da vinicultura catalã de meados do século XIX . Crescimento que levou muitas famílias espanholas da cidade de Sant Sadurní d’Anoia a pesquisar, junto com o instituto agrícola catalão de Sant Isidre, o método tradicional ou Champenoise com vistas a sua aplicação às uvas locais.
Seguindo os preceitos de qualidade mais elevados presentes no mercado, se estabelece o método Champenoise como padrão e um mínimo de 9 meses de fermentação em garrafa. O toque espanhol fica por conta da predominância de uvas autóctonas do país Macabeo, Parellada e Xarel.lo, conferindo personalidade aos produtos. Assim nasceu o Cava! Que tem como um dos seus símbolos de originalidade, a estrela gravada na rolha.
A uva Xarel.lo oferece à bebida sua força e potência, a Macabeo seu fescor e acidez e a Parellada é aromatica e floral – 80% dos cavas são feitos com essas três uvas, mas eles podem ter em sua composição outras variedades como Monastrell, Trepat, Malvasia, Garnacha, Chardonnay e Pinot Noir. Atualmente, além das uvas produzidas em seus próprios vinhedos a empresa também é abastecida com a produção de mais de 1.200 viticultores da região.
A expansão mundial da Freixenet, que hoje está presente por, pelo menos, 140 países, foi prejudicada com a Guerra Civil Espanhola e a morte de seu fundador, Pedro Ferrer. A recuperação veio com Dolores Sala assumindo a direção da empresa e lançando uma marca que foi vital para o sucesso internacional da empresa: Carta Nevada, em 1941.
Os rótulos mais básicos de cavas tem 9 meses de fermentação em garrafa; os intitulados Reserva tem o mínimo de 15 meses de fermentação em garrafa e os Grande Reserva, pelo menos 30 meses (além das uvas selecionadas e prensa para extrair o suco, que utiliza apenas o peso de uma uva contra a outra, criando o que eles chamam de mosto flor). A vinificação de cada variedade de uva é feita separadamente em tanques de aço inox. Depois as misturas são realizadas para atingir as proporções e características esperadas de cada bebida. As leveduras então acrescentadas aos vinhos, foram cultivadas em laboratório próprio da Freixenet. Em 1987 a empresa recebe um importante reconhecimento, o rei da Espanha Juan Carlos I, deu permissão para a Freixenet usar a palavra Real em uma linha de seus cavas, surge assim a Reserva Real.
No Brasil, além do Carta Nevada, outra marca bem conhecida da Freixenet é o Cordon Negro. Vale provar também a linha Elyssia e Vintage. Falando no nosso país a Freixenet está produzindo em parceria com a vinícola Miolo no Vale dos Vinhedos (RS) a linha XB. Brut.