Minha Experiência na The Cordon Vert

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Hoje inauguramos aqui nesse site de gastronomia, viagem e estilo de vida, uma nova coluna chamada Gastronomia Funcional e nosso primeiro post é Minha Experiência na The Cordon Vert.

Coluna Gastronomia Funcional

Mais que tratar de restrições alimentares, vegetarianismo, etc; o objetivo aqui é mostrar que a vida é cheia de opções, pode ser mais temperada e que existem inúmeros ingredientes que sequer ouvimos falar.

Dessa forma, vamos brincar de possibilidades, agregar, diversificar; enfim, vamos nos permitir!

E para começar essa coluna convidei um chef que tive o prazer de provar um jantar completo; que me surpreendeu do começo ao fim com sua alquimia de especiarias, me oferecendo 12 pratos saborosos e interessantes sem glúten, sem lactose, sem proteína animal e sem eu ter percebido nada disso.

É com você Marcelo Facini!

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Minha Experiência na The Cordon Vert

por Marcelo Facini

Ir para Altrincham, Cheshire na Inglaterra por si só já é uma grande aventura.

A cidade onde se encontra a The Cordon Vert fica a 20 minutos de carro ou trem de Manchester.

Não há vôos diretos do Brasil, assim, a conexão tem que ser feita em algum outro pais europeu, e isto leva um bom tempo.

A cidade de Altrincham é um refúgio para aposentados com alto poder aquisitivo.

Com suas imensas residências e parques, esta cidade propicia o local ideal para descanso e prazer.

É uma cidadezinha charmosa onde parece que todos se conhecem e somos cumprimentados a cada esquina com sorrisos e gestos de boas-vindas.

É claro que, como um bom sagitariano, nada ansioso, não fui dar uma olhadinha na escola antes de se iniciar o curso e cheguei umas três horas antes.

Estava eu, no meio daquele verde imenso pensando comigo se aquele lugar realmente existia.

Uma mansão Vitoriana com jardins no meio de todo aquele verde.

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Primeiras impressões

Assim que pisei lá, já me deparei com esquilos e lebres andando pelos jardins da mansão.

Percebendo a minha presença, uma senhora com um sorriso interiorano, que já não se vê mais em cidades grandes, apareceu e me perguntou se ela poderia me ajudar com algo.

Mencionei que eu era um aluno do curso de chef gourmet e que tinha chegado antes do previsto e que aproveitei para conhecer o lugar.

Ela se apresentou como Lyn e disse para eu ficar à vontade mas que o encontro se iniciaria somente às 18 horas.

Confirmei que sabia e falei que eu iria conhecer o prédio e o escritório da Sociedade Vegetariana da Inglaterra que ficava ali mesmo, em uma entrada ao lado.

Estranhamente, mencionar que era brasileiro, não era como em outros lugares onde já haviam recebido e conhecido outros brasileiros.

Eu, pelo jeito, era uma raridade e se espantaram em saber que eu tinha cruzado os mares só para estar com eles naquele curso.

Chef Alex Connell

Após alguns minutos, o Chef Alex Connell veio me convidar para um café ou chá (claro, estava na Inglaterra, tem que ser chá mesmo).

Ele se apresentou como instrutor do curso e começou a fazer inúmeras perguntas sobre o que eu fazia, qual era a minha especialidade, como era o mercado no Brasil para a culinária gourmet vegetariana, etc, etc, etc.

Depois de quase uma hora conversando, notei que a sua educação inglesa poderia se esgotar , então o agradeci.

Ele me disse para eu ficar por lá tomando mais chá e lendo os livros na biblioteca até que o curso começasse.

Falei que preferiria conhecer a região ali da escola e imediatamente ele me sugeriu ir a um parque logo ao lado, o Dunhan Massey.

Foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado naquele dia. Olha só o que encontrei por lá:

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Banquete de Boas-Vindas!

Aproveitei e segui também a sugestão do Alex de ir conhecer o restaurante do prédio principal e tomar um outro chá, mas desta vez, quis experimentar um bolo de gengibre, que estava acenando para mim insistentemente pedindo para ser devorado.

Após o meu quarto chá, retornei para a The Cordon Vert para a recepção que seria feita para os chefs internacionais.

Surpresa foi saber que o curso seria mais que exclusivo, uma turma de somente três chefs internacionais, dentre quatro que geralmente recebem a cada três ou quatro meses!

As minhas parceiras foram duas chefs vegetarianas donas de escolas de culinária, as duas com origem indiana. Sunita Jordan, da África do Sul e Shalu Asnani (de branco) de Singapura.

Mulheres maravilhosas que tornaram o curso ainda mais delicioso com suas inovações culinárias e conhecimento das especiarias.

Fomos recepcionados com um banquete imenso de pratos delicadamente decorados e apresentados como uma possível ideia do que poderia ser um jantar para amigos íntimos.

Terminamos o jantar por volta das 21h e então retornamos aos nossos hotéis.

O Alex mencionou que os dias pela frente seriam atribulados. E que dias!!!

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Aulas no The Cordon Vert

Estes dias começavam às 9 horas da manhã e praticamente finalizavam quase que às 8 horas da noite.

Tínhamos 15 minutos de intervalo entre uma jornada e outra.

A agenda consistia em um treinamento inicial sobre algum tema relevante como a identificação de ingredientes e produtos que poderiam ser classificamos como vegetariano, vegano ou nenhum dos dois; aulas de nutrição e consultorias sobre gastronomia vegetariana.

Fiquei impressionado com a quantidade de produtos que eu acreditava serem veganos, mas que não eram nem mesmo vegetarianos pois eram produzidos com enzimas do estômago de animais como por exemplo: vinhos, queijos, especialmente o parmesão entre outros produtos.

Foram instruções esclarecedoras e transformadora para todos nós.

As Aulas

Nos dias seguintes tivemos aulas de nutrição para chefs, aulas sobre a cultura da alimentação sem carne, a questão da sustentabilidade e meio-ambiente, e assim por diante.

No quesito culinária, tínhamos que escolher de dois a três pratos para serem preparados para o nosso almoço, que seria servido às 14h.

Bem, neste momento já fiquei pensando que estaria morrendo de fome por volta deste horário e que isto me daria um mau-humor danado.

Novamente fui surpreendido, pois todos os dias, também tínhamos degustações de produtos vegetarianos e veganos, e que nos deixaram plenamente satisfeitos, e tenho que confessar, até demais.

Era um festival de pratos e produtos que tínhamos que provar diariamente!

Santo hotel que ficava a mais de um quilômetro da escola e que me forçava a andar…caso contrário, iria ter que rolar até lá depois de alguns dias.

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Churrasco vegetariano

Um dos dias que mais me marcou foi o dia de um churrasco feito totalmente com produtos vegetarianos.

Eu não conseguia diferenciar o gosto e textura do hambúrguer, da salsicha do frango e peixe do que seria o produto animal de fato.

Eles possuem lá os produtos da marca Quorn que são feitos à base de uma microproteína extraída do fungo Fusarium Venenatum, um tipo de cogumelo.

De acordo com o thedailyplate.com, 90 gramas de Quorn granulado contém 13 gramas de proteína. Isto é comparável a 15 gramas de proteína em uma porção de 90 gramas de carne moída. Já o Quorn frango vegetal tem 12 gramas contra 18 gramas de proteína de carne de frango, respectivamente.

Os dias foram cheios de atividades e mal conseguíamos descansar.

Cada prato preparado era discutido e analisado profundamente.

Os ingredientes utilizados, as possíveis substituições (sem glúten, sem lactose, sem ovos, etc), as melhorias, a apresentação, a época do ano mais propícia para preparação, as sugestões e o que tínhamos que aprender com cada um dos pratos.

A superação era exigida de todos nós e isto nos motivava a fazer cada vez melhor.

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Almoço Teste Final

O último dia chegou e era o momento de provarmos os nossos conhecimentos.

Não sabíamos os produtos que estariam disponíveis e nem as restrições alimentares que nos seriam informadas.

Teríamos uma hora e meia para preparar três pratos completos sendo: uma entrada, um prato principal e uma sobremesa e apresentá-los a um grupo desconhecido de jurados informais.

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Foi feito um sorteio entre nós chefs e cada um retirou o seu papel contendo a restrição dos seus clientes.

O da Sunita foi a restrição de cozinhar sem alho e sem cebola.

Engraçado que no dia anterior ela mencionou que NUNCA havia cozinhado sem alho ou cebola e que esta restrição seria muito difícil para ela.

A Shalu não pôde tirar nada melhor que a sua própria restrição alimentar, ou seja, sem ovos.

E eu, fui sorteado com a restrição vegana, ou seja, sem qualquer produto animal.

Mão na massa!

Até este momento estava tranquilo, mas ao chegar na cozinha e ver os produtos disponíveis, surtei!

Não conseguia pensar em nada e ainda por cima eram produtos que eu não estava normalmente acostumado a utilizar.

Após 30 minutos pensando, comecei a cozinhar, nem sabendo o que sairia dali.

Era permitida a troca de produtos entre nós, assim, cedi todos os produtos animais que estavam em minha caixa para as minhas colegas.

Bem, após o tempo permitido para a preparação (não sobrou nem mesmo um minuto), levamos os pratos para o nosso comitê.

Eram umas 25 pessoas ávidas para experimentarem a culinária dos três chefs internacionais.

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Todos aprovaram os nossos pratos e passamos com louvor.

Agradecemos o nosso professor e auxiliares que tornaram o nosso desafio mais leve. O Steven, o Alex Connell e a Lyn.

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Enfim, esta foi a melhor experiência gastronômica de minha vida.

Aprendi muito, troquei ideias, receitas e conquistei novos amigos.

Não vejo a hora de poder apresentar para os meus clientes alguns destes pratos tão maravilhosos e mostrar o quanto que podem ser saudáveis.

Somos o que comemos, então gente, vamos comer bem, né??!

Chef Marcelo Facini

Gastronomia Funcional

Alessander Guerra

2 Comentários

  1. Ale, parabéns pela iniciativa, a porta aberta às novas propostas. A reportagem está muito boa, bem escrita, completa e bem descrita – as foto sào um luxo extra.
    Espero poder ler mais e também algumas receitas da cozinha Vert!

  2. Alessander, parabéns pela iniciativa de criar uma coluna dedicada à Gastronomia funcional. Marcelo, sucesso! Sempre!

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