>O Bobó e o Camarão

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ChefPaulinhoMartins thumb1 - >O Bobó e o CamarãoE hoje estreia a coluna Chef. Um espaço aberto para que todos os chefs possam nos contar a história que bem entenderem. Claro que essa história vai sempre girar em torno da boa mesa (uma pesquisa, uma viagem, um causo, entre tantas outras coisas), mas cada um vai trazer seus utensílios, aromas, temperos, sabores. O caldeirão de ideias já está colocado sobre a fervura e quem passar por aqui que deixe seu quinhão para engrossar o caldo.

A primeira coluna, muito bem humorada, foi escrita pelo chef Paulinho Martins que comanda lá na Bahia, a consultoria gastronômica Panela Brasil. Nos conhecemos numa aula, que postei aqui. Divirtam-se! E amanhã tem receita do Bobó de Camarão do Paulinho!

O Chef que quiser participar da coluna é só me enviar um email para [email protected]

 

O Bobó e o Camarão

chef Paulinho Martins

“Conhecia o bobó de camarão antes mesmo de vir para Bahia. Na verdade achava que conhecia.

Maria Ferreira minha querida chef, me ensinou a fazer o primeiro.

No bojo, bobó de camarão é uma prato que consiste em um ensopado de camarão e mandioca no leite de coco e dendê, com temperos baianos (tomate, cebola, coentro, salsinha) e, em alguns casos, com o “cabeça de negô”, que nada mais é que amendoim, castanha de caju e camarão seco batido até virar pó. Uma espécie de curry baiano

Quando cheguei na Bahia conheci as outras faces do bobó. Meu amigo Jó me indicou fazer com papaia verde em vez de aipim. Achei fantástico aquilo. De lá saiu um com fruta pão, batata doce, inhambú (uma espécie de cará) e o de inhame.

Também mudei o camarão para lagosta, ou cavaquinha, ou pitú, ou calambau, (um outro camarão de rio) e curuca.

Não desprezei o protagonista. Apenas dei chance para os outros bichos.

Quando o bobó esfria ele endurece. Daí fiz o recheio para pastel e empadinha.

Quando sobra, misturo com a água do coco e faço um creme leve para beber antes da refeição. Junto com a caipirinha ou o espumante.

Aliás, aprendi na Bahia o que se bebe com bobó. Branco com madeira. Não muita, mas dendê precisa de madeira. Um bom chardonnay com uma madeira leve, cai realmente muito bem.

Enfim, acho o bobó de camarão o melhor prato brasileiro. Seu gosto intenso, sua textura cremosa em combinação com o adocicado sabor do camarão, tornam a receita equilibrada, leve e saborosa. Para acompanhar, arroz de coco, farofa de dendê e chips de algum tubérculo.

Uma vez, já disse que meu conceito de céu era comer acarajé, de branco e ouvindo trombetas. Devo acrescentar que neste Paraíso também tem cumbuquinhas de bobó servidas por ninfas, levemente embriagadas por chardonnay do novo mundo.”

Alessander Guerra

5 Comentários

  1. >A idéia de reaproveitar o bobó endurecido como recheio de pastel É FANTÁSTICA! Tks pela dica. Aproveita e manda uma receita de Efó, que ninguém conhece aqui em Sampa.Abs

  2. >Vou mandar a receita para o "cronicas gulosas"
    O duro é arrumar folha de lingua de vaca ai em Sampa.

    Abs e obrigado pelo comentário
    Paulinho Martins

  3. >@Paulo Martis – esperando a receita, tks!!Eu dou um jeito na lingua-de-vaca, nem que tenha que importar da Bahia! abs

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