Muitas vezes quem mora em São Paulo, quer dar uma fugida rápida daqui para passar um dia ou final de semana em cidades próximas, então #ficaadica sobre o que fazer em São Roque, estância turística a 60 km da Capital, que já tive a oportunidade de visitar algumas vezes.
Fundada em 16 de Agosto de 1657 pelo nobre capitão paulista Pedro Vaz de Barros, conhecido também como Vaz Guaçu, O Grande. A cidade recebeu o nome São Roque devido a devoção de seu fundador por este santo. Atraído pela região, estabeleceu-se com sua família e cerca de 1.200 índios às margens dos ribeirões Carambeí e Aracaí, onde começou a cultivar trigo e uva. Mais tarde, imigrantes italianos e portugueses cobriram as encostas dos morros com vinhedos, instalaram suas adegas e transformaram São Roque na famosa “Terra do Vinho”. (fonte prefeitura de São Roque).
Então, entre as dicas de o que fazer em São Roque, com certeza teremos o Roteiro do Vinho (que percorre a Estrada do Vinho) e claro, dicas de restaurantes – afinal os imigrantes italianos e portugueses trouxeram, além de sua bebida preferida, muitos pratos tradicionais de seus países. Para completar, os mais aventureiros podem aproveitar o Ski Mountain Park (parque com 320mil/m² de mata atlântica nativa localizado numa montanha a 1.200m – por lá são praticadas atividades como esqui, arborismo, paintball, arco e flecha, teleférico, trilha ecológica, escalada, tobogã e passeio a cavalo). Os turistas de consumo, dispostos a bater pernas e fazer compras, podem circular pelas alamedas com lojas de grandes marcas nacionais e internacionais do Catarina Fashion Outlet. A cidade tem agenda de eventos durante todo o ano, mas em outubro acontece a famosa Expo São Roque – Alcachofras e Vinhos.
Sem mais delongas, conto agora pra vocês minhas experiências, dando algumas dicas de O que fazer em São Roque.
O que fazer em São Roque – Gastronomia
Há mais de 50 anos, Stefano Borsarelli, piemontês de Mondovì (norte da Itália), inaugurou o Stefano Restaurante em São Roque, apresentando aos brasileiros a culinária de sua região natal. Hoje ele não está mais por aqui, mas seus netos Stefano e Franco Bruzzone continuam dedicados a cozinha italiana.
As massas, pães, antepastos e molhos -que podem também ser comprados pra viagem na loja anexa ao restaurante, o Empório Stefano- são feitos de forma artesanal, como eles aprenderam desde pequenos com as receitas de família. O tio Guido Borsarelli, ainda dá expediente na cozinha e a mãe dos chefs, dona Daniela Borsarelli, cuida do cultivo, sem o uso de agrotóxicos, da maior parte das verduras e legumes utilizados no restaurante.
Entre os pratos do cardápio, massas variadas com bastante molho, ao melhor estilo das cantinas italianas: canelone, lasanha, rondele, tortelli, nhoque e macarrão com queijos, ao sugo, bolonhesa, na manteiga, ao pesto e por aí vai. Destaque para o saboroso Tortelli di Zucca na manteiga (massa fina com caprichado recheio de abóbora). Há também carnes, como o tradicional Polpetone (bolo de carne recheado de queijo e coberto com molho de tomate).
Os irmãos Bruzzone mantém ainda um “restaurante clandestino”, que funciona embaixo do salão do Stefano. Um lugar bem bacana, onde preparam jantares especiais, eventos fechados e, aproveitam para criar receitas diferentes das tradicionais servidas no andar de cima.
No ano de 1975 a família inaugurou o Hotel Stefano, localizado ao lado do restaurante, para atender a demanda de turistas da região, especialmente quem deseja jantar por lá. Há 30 quartos, com opções para solteiros, casais e famílias de até 4 pessoas por apartamento. O hotel vem passando por reformas e os quartos já ganharam novas e confortáveis instalações.
Serviço:
Endereço: Raposo Tavares Km 56 – São Roque
Inaugurada em 2010, a Vila Don Patto é um grande complexo gastronômico e de entretenimento, com destaque para a gastronomia portuguesa. Situada numa área de 40 mil m², na antiga plantação de uvas da família Patto, tem ampla área verde, ótima vista e conta com restaurante, adega, empório, café, sorveteria, loja de artesanato, playground e até uma área com redes pra se deitar depois de tanta comida. Também há um heliponto administrado em parceria com a CB Air.
Todo o complexo gastronômico é comandado pelo chef Valdir Nunes. O restaurante tradicional de cozinha portuguesa oferece, é claro, muito bacalhau. Desde os bolinhos, pastéis e linguiça –feitos com o peixe, que servem de entradas- até os pratos principais como: Bacalhau Valdir Nunes (foto acima – batizado com o nome do chef – uma grande Posta de bacalhau na brasa com alho laminado, tomate, cebola, pimentão, azeitonas portuguesas, cheiro verde, ovo cozido, brócolis e batatas coradas), Bacalhau à Gomes de Sá (Lascas de bacalhau puxado no azeite, alho, cebola, azeitonas portuguesas, ovos, batatas coradas, pimentão e cheiro verde, regado com vinho branco Chardonnay) e o Bacalhau às Natas (Lascas de bacalhau com azeitonas pretas, batatas ao creme de natas gratinado). Oferecidos em porções fartas (o cardápio diz que servem 2 pessoas, mas eu acho que comem 3 ou 4) são acompanhados de arroz.
Para quem não quiser bacalhau, uma opção de entrada é a caprichada alheira (linguiça portuguesa feita com pão, carnes diversas e temperos) , de prato principal o saboroso Pernil de Cordeiro à Moda Antiga (foto acima – Pernil de cordeiro assado no bafo com redução de vinho tinto, arroz com alho poró e parmesão, brócolis ao alho e batatas coradas) e o Leitão à Bairrada à moda do Patto (Leitão assado à moda do Patto, acompanhado de batatas aos murros, cebola, pimentão, brócolis, azeitonas portuguesas e alho no azeite).
Mas cabe lembrar que, como a área é extensa e cheia de estabelecimentos, se não quiser uma refeição completa, pode apenas tomar uma café da manhã, petiscar com uma tábua de carnes, comer um lanche, uma pizza, um doce, enfim, opções não vão faltar.
Serviço:
Endereço: Estrada do Vinho, Km 2.5 – São Roque
Como gulodice pouca é bobagem, gosto de passar na A Quinta do Marquês no km 57 da rodovia Castelo Branco em São Roque (existem outras unidades) para comer um Pastel de Belém.
Mas devo informar que o lugar é gigante, dessas paradas de estrada que tem tudo o que você puder imaginar e mais um pouco: restaurante português, padaria, pizzaria, self-service, farmácia, conveniência, posto de gasolina, empório e até uma loja de decoração -bem maior e com mais itens do que muita loja especializada por aí.
Vale a visita!
Endereço: Rodovia Castelo Branco km 57
O que fazer em São Roque – Roteiro do Vinho
É possível percorrer a Estrada do Vinho de São Roque realizando várias paradas em diferentes vinícolas e adegas. Conto aqui minhas duas experiências:
A história da família portuguesa Góes, se mistura com a do desenvolvimento dos vinhos na região. A marca data de 1938, mas entre 1910 e 1920, os irmãos Benedito Moraes de Góes (Nhô Dito Góes) e Firmino de Góes já cultivavam videiras na região e produziam vinhos, que eram transportados por tropas de muares para venda no Mercado da Cantareira em São Paulo.
Hoje a empresa, além de São Roque, possui sua maior produção -cerca de 8 milhões de litros de vinhos finos, de mesa, espumante e suco de uva- na Serra Gaúcha, em Flores da Cunha. Onde são produzidos os rótulos da Casa Venturini.
A Vinícola Góes , localizada no km 9 da Estrada do Vinho, é a que tem maior estrutura para o enoturismo em São Roque. Há um amplo espaço externo, com gramado e lago, onde as pessoas se esticam num dia de sol e loja com vários atendentes e muitos vinhos à disposição para degustar e comprar, entre eles um que tem provocado elogios da crítica especializada, o Tempos Philosophia Cabernet Franc 2014 ( a uva Cabernet Franc foi a que melhor se adaptou para o plantio na região). Completando as atividades, workshops de vinho e degustações, que podem ser agendados pelo site.
Há sempre uma programação especial rolando por lá, mas é durante os primeiros meses do ano (segunda quinzena de janeiro e primeira de fevereiro) na época da Vindima (colheita das uvas) que a festa do vinho, verdadeiramente, acontece.
Depois de uma palestra de apresentação da vinícola, os visitantes são levados de trenzinho até os parreirais, onde especialistas da empresa falam sobre o que acontece desde o cultivo da uva até a preparação do vinho. Depois de colher algumas uvas, os visitantes seguem para outra área onde farão a pisa da uva (bem à moda antiga, uvas numa tina grande e muita gente pisando para extrair o suco). O passeio termina com um brunch, degustação de vinhos da vinícola e tradicional grupo de canto e dança típico de Portugal. Leia mais no link.
A área também conta com o restaurante Vale do Vinho e o Boteco do Batata.
Funcionando como uma exceção na região de vinhos com comida portuguesa e italiana, o Boteco do Batata tem cozinha alemã do chef Joachim Kern e foco no chopp bem tirado, para ser bebido enquanto se descansa um pouco da maratona, com direito a aproveitar a paisagem (foto acima).
Endereço: Estrada do Vinho km 9
A Bella Quinta funciona ao lado da Vinícola Góes , só que tem um projeto bem menor e mais intimista.
O casal Gustavo e Bruna, sócios da empresa, recebem os visitantes com sua habitual simpatia, explicando a história do local e mostrando seus vinhos para degustação.
Uma das coisas bem bacanas e personalizadas que é possível fazer por lá, é agendar com o Gustavo, a partir de 5 pessoas, um tour guiado pela vinícola com direito a degustação orientada dos vinhos na área de produção e a passar por dentro de uma antiga cave, onde se vê as paredes cristalizadas pelo vinho.
Eu tive a oportunidade de participar de uma atividade bem maior que o tour guiado, fiz uma Wineclass (aula especial sobre vinhos) em 2014. Ministrada na Bella Quinta pelo professor Fábio Lenk, coordenador do curso de “Tecnologia em Viticultura e Enologia”, do Instituto Federal São Paulo e acompanhada pelo Gustavo. Uma grande aula sobre uva, clima, solo, colheita e produção de vinho. O resultado peguei agora em 2016, duas garrafas de Cabernet Franc que levam o meu nome no rótulo. Veja mais sobre a experiência no link.
Endereço: Estrada do Vinho km 9,9
Espero que aproveitem as dicas de o que fazer em São Roque. Caso tenham alguma, por favor, será um prazer se deixar nos comentários.