Queria contar pra vocês sobre uma iniciativa que eu tenho certeza que vão gostar, o Festival Pelos Povos da Floresta.
Todos que me acompanham nesse nosso ponto de encontro democrático, sabem que por aqui estamos sempre Cozinhando Ideias…
E, igualmente, conhecem duas premissas que levo muito a sério: respeito e diversidade.
Aliás, sem respeito e sem diversidade creio que a visão de mundo fica infinitamente limitada.
Dessa forma, um festival que nos traz conhecimento sobre seres humanos que aprenderam a extrair o melhor das florestas e ainda assim preservá-las, é mais do que bem-vindo!
Povos indígenas, comunidades extrativistas e quilombolas, inegavelmente são especialistas nesse desenvolvimento sustentável, que preza pela biodiversidade.
Falando em biodiversidade, veja só a riqueza dos ingredientes utilizados.
Enfim, a nossa curta existência agradece o aprendizado!
Vai ao Mercado de Pinheiros? Então, esse PF é do Rainha (foto Leo Martins)
Festival Pelos Povos da Floresta
Realizado pelo Instituto Socioambiental (ISA) e a rede Origens Brasil®, com apoio da União Europeia é, antes de mais nada, uma iniciativa para valorizar e ajudar a estruturar as cadeias produtivas das comunidades do Vale do Ribeira (SP), Xingu (MT e PA) e Rio Negro (AM e RR).
Grupos que há anos enfrentam o desafio de construir uma relação positiva com o mercado para então escoar sua produção de castanhas, farinhas, especiarias, óleos, mel, entre outros itens.
Dessa forma, de 7 a 15 de dezembro de 2019, os restaurantes: Balaio IMS e Balaio Café, Banzeiro, Dalva e Dito, Jojo Lab, Rainha (PF Mercado Municipal de Pinheiros) e Tordesilhas; a confeitaria Marilia Zylbersztajn; bem como a padaria e delicatessen Deli Garage, oferecerão receitas especiais com esses ingredientes.
No dia 14 de dezembro, das 10h30 às 16h, uma feira, no Mercado de Pinheiros, irá apresentar todos os produtos da economia da floresta, com destaque para o lançamento do Chocolate Yanomami, produzido com cacau nativo da Terra Indígena Yanomami.
Portanto, é uma importante aposta para gerar renda em um território ameaçado pelo avanço do garimpo ilegal.
Sabia que o Banzeiro de Manaus abriu em São Paulo? Pois aproveite e visite! (foto Rubens Kato)
OS INGREDIENTES – Pelos Povos da Floresta
Óleo de Pequi do Povo Kisêdjê do Xingu
A polpa de pequi vira um líquido dourado e aromático, produzido conforme técnicas ancestrais e modernas.
Origem: Terra Indígena Wawi (MT), do povo Khisêtjê, a iniciativa foi vencedora do Prêmio Equatorial da ONU em 2019.
Cogumelo Yanomami inteiro
Feito com 15 espécies macias nativas e espontâneas, o sabor lembra o do shitake e de outros cogumelos orientais.
Produzido na Terra Indígena Yanomami (RR).
Cogumelo Yanomami em pó
A mistura traz espécies sem paralelo no mundo, direto da roça tradicional da Terra Indígena Yanomami (RR).
Pimenta Baniwa
Torrada e seca ao sol, ela tem sabor defumado e alta picância.
A produção é exclusiva das mulheres Baniwa da Terra Indígena Alto Rio Negro (AM).
Em resumo, se ainda não foi na confeitaria Marilia Zylbersztajn, não sabe o que está perdendo! (foto Leo Martins)
Mel dos Índios do Xingu
Cada vidro é único e guarda o sabor da florada silvestre dominante da aldeia produtora.
As colmeias ficam no Território Indígena do Xingu (MT).
Iniciativa vencedora do Prêmio Equatorial da ONU em 2017.
Castanha-do-Pará Vem do Xingu
Semente rica em óleos e minerais importantes para a saúde, é portanto um dos principais produtos de comunidades extrativistas da Terra do Meio (PA).
Lançaram, recentemente, a marca coletiva, Vem do Xingu.
Farinha de Babaçu Vem do Xingu
Produzida por indígenas, ribeirinhos e agricultores familiares da Terra do Meio (PA).
A farinha é beneficiada em miniusinas multiprodutos instaladas dentro das comunidades.
Porque é rica em ferro, fibras e amido, tem sido incorporada na merenda escolar na região de Altamira, no Pará.
Óleo de Babaçu Vem do Xingu
Produzido por indígenas, ribeirinhos e agricultores familiares da Terra do Meio (PA)
O óleo é extraído a frio das amêndoas do coco babaçu em miniusinas multiprodutos, então instaladas dentro das comunidades.
Rapadura Tradição Quilombola do Quilombo Porto Velho, Vale do Ribeira (SP)
Produzida com cana-de-açúcar da roça quilombola, portanto sem adubos sintéticos e agrotóxicos.
Enquanto toma um café, prove o Bolinho de babaçu com cumaru do Balaio Café. (foto Leo Martins)
Farinha de mandioca do Quilombo Porto Velho, Vale do Ribeira (SP)
A mandioca 100% orgânica é triturada e posteriormente peneirada nos mesmos moldes de 300 anos atrás.
Taiada do Quilombo Porto Velho, Vale do Ribeira (SP)
Doce à base de rapadura, farinha de mandioca e gengibre.
Um dos alimentos mais tradicionais da roça, pois dá energia e força para o trabalho no campo.
Banana chips do Quilombo Nhunguara, Vale do Ribeira (SP)
Produzida em uma fábrica gerida por mulheres quilombolas, é frita em óleo de palma e então temperada com sal.
Cumaru das Comunidades Extrativistas do PDS Paraíso, Alenquer (PA)
A coleta das sementes da fruta amazônica envolve toda a família, gera renda, entretanto não prejudica a floresta.
Farinha Mawkîn
Paçoca torradinha de castanha-do-Pará com beiju, é dessa forma produzida por mulheres na Terra Indígena Wai Wai (RR).
No Tordesilhas da chef Mara Salles, igualmente boa pedida é a Moqueca de Pupunha (foto Leo Martins)
OS PRATOS – Pelos Povos da Floresta
Balaio IMS
Avenida Paulista, 2424 – Bela Vista
Telefone: (11) 2842-9123
Pipoca com manteiga de garrafa, pimenta produzida por mulheres Baniwa da Terra Indígena Alto Rio Negro (AM) e torresminho (R$ 14);
Ravióli de cogumelo da Terra Indígena Yanomami, sálvia, semente de pequi, pimenta Baniwa e queijo Tulha (R$ 59);
Frutas amarelas, creme de pequi do Povo Kisêdjê do Xingu, sorbet de butiá, compota de maracujá (R$ 23);
Igualmente, a casa oferece o drink Baniwa (R$ 32) – gin Amázzoni Rio Negro, pimenta Baniwa, pimenta biquinho, vermute branco, vinho branco Mazanilla, bitter de aipo, pepino, lúpulo e cascas cítricas.
Balaio Café
Avenida Paulista, 2424, 5 º andar – Bela Vista
Bolinho de babaçu com cumaru (R$ 3) – utiliza farinha de coco babaçu produzida por indígenas, ribeirinhos e agricultores familiares da Terra do Meio, no Pará.
Banzeiro
Rua Tabapuã, 830 – Itaim Bibi
Telefone: (11) 2501-4777
Mujeca de peixe moqueado (R$ 36) – caldo quente de peixe defumado com cogumelos coletados por índios Yanomami e pimenta Baniwa;
Pirarucu no forno a lenha, purê de banana da terra e castanha da Terra do Meio, no Pará (R$ 67);
Suspiro de pequi do Povo Kisêdjê do Xingu com sorvete de tapioca (R$ 22).
Se for até o Dalva e Dito do chef Alex Atala, então a pedida é o Arroz cremoso com cogumelo Yanomami. (foto Ricardo Dangelo)
Dalva e Dito
Rua Padre João Manuel, 1.115 – Jardins
Telefone: (11) 3068-4444
Arroz cremoso com cogumelo Yanomami e agrião (R$ 75).
Deli Garage
Rua Medeiros de Albuquerque, 431 – Vila Madalena
Telefone: (11) 3578-7768
Panetone da Floresta (R$ 68).
A partir da receita original de massa de brioche com chocolate meio amargo, esta versão contudo incorpora produtos singulares nativos como o cumaru coletado pelas Comunidades Extrativistas do PDS Paraíso, em Alenquer, no Pará.
Bem como, a castanha-do-Pará da Terra do Meio, em Altamira, e ainda o mel de florada silvestre do Território Indígena do Xingu, no Mato Grosso.
Enfim, por cima, leva uma casquinha crocante de Farinha Mawkîn e assim também, paçoca torradinha de castanha-do-Pará com beiju feita na Terra Indígena Wai Wai, em Roraima.
Natal tem que ter panetone? Pois que seja Pelos Povos da Floresta na Deli Garage. (foto Leo Martins)
Jojo Lab
Rua Gandavo, 193, Vila Mariana
Telefone: (11) 5083-9837
Tantanmen Shirunashi (R$ 40), temperado à base de shoyu, pasta de gergelim e um toque picante de pimenta Baniwa, com carne moída picante e chashu em cubo;
Tantanmen Ramen (R$ 42), servido com caldo de frango e porco, temperado à base de shoyu, pasta de gergelim e pimenta Baniwa, carne moída picante e chashu em cubo;
Guioza (R$ 19 a porção com 5 unidades) de massa finíssima e recheio suculento de carne suína e vegetais, com molho de pimenta Baniwa.
Marilia Zylbersztajn
Rua Fradique Coutinho, 942 – Vila Madalena
Rua Renato Paes de Barros, 433 – Itaim
Telefone: (11) 4301-6003
Torta de mel do Xingu com amendoim – base de massa sucreé, fina camada de chocolate 70% cacau, e recheio de mel com amendoim.
Torta média (R$ 150, serve 12 fatias) / torta grande (R$ 220, serve 18 fatias), da mesma forma é servida em fatia (R$ 17).
Rainha (PF Mercado Municipal de Pinheiros)
Rua Pedro Cristi, 89 – Box 77 – Pinheiros
Telefone: (11) 3813-2171
PF – Mercadão Filé Saint Peter com crosta de pó de cogumelo Yanomami, farofa feita com farinha de mandioca e puxada no óleo de pequi, banana grelhada e arroz branco (R$40) .
Tordesilhas
Alameda Tietê, 489 – Jardins
Telefone: (11) 3107-7444
Moqueca de pupunha com óleo de pequi Kisêdjê e farinha de mandioca do Quilombo Porto Velho (R$ 68);
Enquanto para beber a casa oferece, Suco de limão cravo com taiada (doce quilombola à base de rapadura, farinha de mandioca e gengibre) (R$ 12).
Pelos Povos da Floresta: Frutas amarelas, creme de pequi do Povo Kisêdjê do Xingu, sorbet de butiá, compota de maracujá. (foto Leo Martins)
Enfim, #ficaadica veja outras matérias na coluna Cozinhando Ideias.