Ele circula pela Quinta do Olivardo, tanto na ampla área externa quanto nos restaurantes, conversando com cada cliente.
Descobre que alguns fazem a primeira visita; outros, já sabe que são frequentadores assíduos da sua propriedade em São Roque.
A simpatia, simplicidade e seu jeito amigável de receber, contagia os visitantes e também seus funcionários, que passam de duzentos.
O que se vê no atendimento são pessoas trabalhando satisfeitas com o que fazem.
Assim, o Olivardo vai tocando sua Quinta, recebendo mais de 5 mil pessoas por final de semana.
É comum vê-lo em selfies, aqui e acolá, com clientes que fazem questão de cumprimentá-lo.
Creio que, hoje em dia, para sair de casa precisamos muito além de uma refeição, desejamos uma experiência.
Posso afirmar que na Quinta do Olivardo a experiência é garantida.
História de vida
E quem vê aquele senhor de óculos, trajando boina e suspensório, assim, tão tranquilo e feliz, circulando pela propriedade, não imagina a sua história de superação.
Tudo começou quando ele perdeu o emprego na vinícola onde trabalhava.
Com a esposa e três filhos pequenos passou por dificuldades.
Fazer vinho era o que ele sabia fazer, então resolveu aproveitar o momento complicado para investir no seu sonho.
Em 2007 Olivardo e sua esposa Cíntia compraram o sítio Abaçaí, hoje Quinta do Olivardo.
Venderam a casa e o carro, únicos bens que tinham, para poder investir no terreno e começar a plantar uvas e fazer vinho.
No início, enquanto a primeira safra não vinha, vendia produtos artesanais de outros produtores locais.
Então veio o primeiro lote de vinhos, que ficou conhecido na região, e depois, o famoso Bolinho de Bacalhau.
As pessoas iam até a Quinta do Olivardo para comprar e beber vinho e pediam algo pra comer.
Assim, Cíntia, esposa do Olivardo e dona Dalva, sogra dele, foram pra cozinha com o livro de receitas portuguesas da avó de Cíntia.
À princípio começaram com o bolinho de bacalhau que é sucesso até hoje.
Fritura sequinha e crocante, recheio intenso e saboroso.
Depois vieram os pratos de bacalhau.
E as pessoas foram chegando e a área se expandindo, até atingir as proporções dos dias de hoje.
Olhando para trás o casal pode ver o quanto seu negócio prosperou, mas naquela época foi preciso coragem.
“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”. (Fernando Pessoa)
Frase estampada no restaurante que ilustra essa trajetória linda com final feliz.
Bolo do Caco (pão tradicional português da Ilha da Madeira)
Quinta do Olivardo
A Quinta do Olivardo, na cidade de São Roque é, para início de conversa, um bom passeio.
A arquitetura rústica e o clima serrano transmitem ao visitante a ideia de uma tasca no interior de Portugal.
Eu, por exemplo, moro em São Paulo, então preciso pegar a rodovia Raposo Tavares pra chegar à cidade que fica distante 60km da Capital.
Seguir para a Estrada do Vinho e aproveitar a paisagem, enquanto percorro o caminho ladeado de vinícolas e restaurantes.
Então uma dica é chegar mais cedo e aproveitar o dia. Beber um vinho, cerveja, drink ou mesmo um café na ampla área externa.
Provar alguns dos petiscos da casa como o bolinho de bacalhau, o prego (sanduíche com carne), as sardinhas na brasa ou o bolo de caco (que, na verdade, é um pão tradicional da Ilha da Madeira).
Ficar numa das mesinhas ao ar livre ou aproveitar o gramado.
Tem lago com pedalinho, redário pra se esticar, arborismo, tirolesa, brinquedos para as crianças e mini zoo.
Dá até pra tirar uma foto no parreiral entre uma atividade e outra.
E tem também o empório cheio de produtos como queijos, vinhos, salames, conservas, cachaças, doces, louças, canecas.
Tudo que você pode trazer na mala ou nas sacolas na volta da viagem.
Quinta do Olivardo – cardápio
Além das áreas externas onde é possível comer, a Quinta do Olivardo é dividida em dois restaurantes: Quinta do Olivardo e Tasca da Bairrada.
O cardápio funciona igualmente em ambos.
A maior diferença é que na Tasca da Bairrada encontram-se os fornos dos leitões.
Então muita gente interessada nesse, que é um dos carros-chefe do restaurante, se dirige para lá a fim de comê-lo.
As porções são limitadas, servidas apenas aos sábados, domingos e feriados durante o almoço.
Então, se quiser provar essa iguaria portuguesa, é preciso reservar com antecedência.
O leitão assado inteiro no forno à lenha acompanha batatas douradas, arroz com brócolis, salada e molho especial.
Falamos do Bolinho de Bacalhau, do Leitão à Bairrada, mas há outros pratos que merecem ser degustados.
A deliciosa Alheira Defumada, muito bem temperada. Salivo até de escrever!
Leva carne suína, frango, peru, toucinho, vinho branco, alho, miolo de pão, pimentão, salsa e condimentos.
Acompanha batatas cozidas puxadas no azeite e pão português.
Receita da Ilha da Madeira
A Espetada Madeirense, feita à moda da Ilha da Madeira é igualmente apetitosa.
Carne bovina espetada no galho de louro e assada na brasa. Acompanha arroz, salada, pão português e milho frito.
Nacos de carne são espetados em galho de louro que vem da própria Quinta do Olivardo.
Os galhos soltam um sabor incrível enquanto a carne é assada na churrasqueira.
Em uma casa portuguesa com certeza não pode faltar um bom bacalhau.
Pois vou dizer a vocês que o Bacalhau à Lagareiro merece ser provado.
A posta de bacalhau assada na brasa é ladeada de batatas aos murros, cebola, páprica, alho e salsinha; tudo regado no azeite. Arroz acompanha.
O peixe dorme imerso no azeite. Assim que vai à brasa ganha uma capa crocante, enquanto suas boas lascas no interior estão suculentas.
Todos os pratos podem ser harmonizados com vinhos produzidos na adega da Quinta do Olivardo.
Quinta do Olivardo – sobremesa
Atração à parte na Quinta do Olivardo é a fábrica de pastéis de nata (os conhecidos pastéis de Belém).
Em cozinha envidraçada a produção não pára. São vendidos mais de 8 mil doces por final de semana.
As fornadas saem fumegantes o tempo todo, cuidado para não queimar a boca com o recheio.
A massa faz o inenarrável crec, crec.
Um sino avisa os comensais.
Ao lado, num forno à lenha, repousa o café passado no coador de pano.
De lá também saem os bolinhos de chuva e as rabanadas.
Enfim, não dá pra encerrar a viagem sem adoçar o paladar.
Quinta do Olivardo – eventos
Visita Guiada à Cave
Aos finais de semana é possível agendar um tour guiado pela Quinta do Olivardo que termina com visita à cave.
Local onde acontece degustação dos vinhos produzidos na vinícola acompanhados de petiscos.
O tour é pago e no ato da reserva você pode checar o valor.
Jantar de Vinho dos Mortos
Antes da invasão de Napoleão à Portugal, os portugueses decidiram enterrar seus vinhos para que o exército inimigo não o bebesse.
Depois da retirada das tropas francesas, eles voltaram sem saber como estava a qualidade do líquido.
Desenterraram, provaram, estava bom, e assim surgiu uma tradição.
Portanto, para comemorar, o Olivardo criou em sua Quinta, o Jantar de Vinho dos Mortos que acontece, mensalmente, em um sábado.
Há fado ao vivo e os clientes podem comprar a sua garrafa e participar do evento.
Enterrando, entre os parreirais, seu vinho numerado para depois desenterrá-lo em outra cerimônia seis meses depois.
Vindima
Sempre em janeiro, a festa da colheita toma conta da vinícola.
Visitando as parreiras os participantes colhem uvas e depois as pisam para preparar o seu próprio vinho.
Então, o suco é levado para fermentar e meses depois os clientes combinam de retirar o vinho engarrafado.
Enfim, a agenda de eventos está sempre com novidades!
Olivardo meu caro, foi um grande prazer conhecê-lo, visitar seu sonho ao seu lado, ouví-lo contar sua história inspiradora e ao mesmo tempo entender como tudo funciona em sua Quinta.
A você caro leitor e cara leitora, deixo uma dica: viva essa experiência!
Serviço
Quinta do Olivardo – site
Estrada do Vinho, Km 4
Estância Turística de São Roque – SP
+ posts de Viagem Gourmet e Dicas de Restaurantes
Gostaria de visitar sua quinta, mas não sei como , passei aí dia 30 de Outubro não foi possível entrar pois estava super lotado
Oi Diógenes, tudo bem? eu só escrevi essa matéria sobre a Quinta do Olivardo, para falar com eles você tem que entrar em contato direto pelo site https://quintadoolivardo.com.br/ . Abraço