OBS: o Santovino encerrou suas atividades!
Atitude!
Você tem duas formas de encarar a vida: uma é reclamar e a outra é tomar atitudes. Vinho no Brasil é caro! Blá, blá, blá! Cada um diz que é caro por um motivo. O Governo é o motivo favorito de todos. Não duvido; porque já se vai longe o tempo do Império, mas a Derrama continua. Lá se cobravam os quintos da arrecadação e cá, vamos todos para o quintos e a sanha arrecadatória não se satisfaz. Mas enfim, atitude! (na abertura do post, foto que fiz da entrada da ampla adega que fica no subsolo do Santovino)
OLIVE ALL’ASCOLANE DEGLI ACCORSI – Azeitonas verdes empanadas recheadas com carnes e embutidos italianos. Receita da famíliaAccorsi, de Venarotta (AP) – Daqueles petiscos que não paramos de comer nunca! Crocantes por fora com o sabor carnudo das olivas verdes logo em seguida!
O restaurante Santovino, por exemplo, resolveu colocar em toda a sua interessante Carta de Vinhos o preço da importadora. Isso mesmo! Você paga no vinho bebido no restaurante, o mesmo valor que pagaria comprando direto da importadora. Então os vinhos no Santovino são baratos, você me pergunta? E eu te respondo: Não, não são! Vinho no Brasil é caro! rs. Mas, complemento dizendo que se você pagar por lá R$70 a R$100 numa garrafa de vinho, estará levando essa qualidade à sua taça. E, não se deixar ser enganado levando gato por lebre, já é uma das atitudes positivas que podemos começar a tomar para melhorar a situação desse Brasil.
Há também na Carta de Vinhos do Santovino boas opções em meia garrafa e em taças; inclusive nos vinhos de sobremesa. Só falta, por enquanto, mais opções de vinhos brasileiros.
Grande Prosecco Brut italiano do Treviso, que acompanhou muito bem as olivas à moda de Ascoli (foto anterior) e o bacalhau mantecato ( foto abaixo).
BACCALÀ MANTECATO – Bacalhau desfiado com azeite extra virgem, fatias crocantes de polenta, azeitonas pretas, tomates sweet grape, aspargos, ovos de codorna e crocante de pancetta – A maciez e delicadeza do bacalhau aveludado e bem temperado, contrastando com a crocância da polenta.
Conversando com o chef Paulo Kotzent, descobri que essa prática de vender pelo preço da importadora, foi boa não só pelo fato do consumo de vinho no restaurante, mas também porque muitos clientes acabam comprando os vinhos que bebem por lá para levarem pra casa. Enfim, ganham a importadora e o restaurante, mesmo que os dois tenham que abrir mão de uma fatia da sua margem de lucro.
TORTELLI DI COSTOLA DI MAIALE – Massa recheada com costelinha de porco ao molho do próprio assado, erva-doce (funcho), radicchio, favas, cogumelos frescos e Porcini Secos – Meu preferido da noite, daqueles pratos carregados de sabor que ficam na lembrança!
Esse Chianti Classico Marchese Antinori acompanhou perfeitamente o Tortelli de costela de porco.
Mas vamos à comida! Porque se os vinhos são de qualidade a comida também é muito boa!
Utilizando as raízes italianas de sua família originária do Vêneto, o chef Paulo Kotzent, que anteriormente comandava a cozinha do Piselli, faz no Santovino uma comida autêntica, sem ceder às tentações dos brasileirismos. Seus molhos são rústicos, bem elaborados, tem corpo, ingredientes de qualidade, cuidados no preparo. É bom ver isso numa cidade como São Paulo, um menu que tem personalidade, que está ali para quem aprecia aquele tipo de comida. As massas são produzidas na casa. Seu cardápio é relativamente enxuto, mas atende bem os comensais que esperam uma boa comida italiana (polentas, massas secas, frescas, recheadas, risotos, pescados e carnes, além das sobremesas). É possível pedir meia porção de alguns itens do menu.
BRASATO DI VITELLO AL VINO ROSSO – Vitelo marinado e assado lentamente em vinho tinto, servido com purê de batatas com pastas italianas de Tartufo Bianco e Nero, e Mostarda di Cremona (compota italiana de frutas) – Na degustação que fiz o chef deixou fora as pastas italianas de Tartufo Bianco e Nero para harmonizar melhor com o vinho escolhido (veja abaixo) – achei perfeito o contraste da compota adocicada com a carne ao vinho.
Tinto toscano da Tenuta Guado Al Tasso – 50% Cabernet Sauvignon, 30% Merlot, 20% Syrah – ótima combinação com o Brasato de Vitelo e a Mostarda di Cremona.
Outro detalhe interessante é a arquitetura do prato: “São as texturas do olhar! Quando o prato não exala calor, em pratos frios e sobremesas, por exemplo, você pouco conta com o aroma. Então é legal brincar com as formas e as texturas” comentou o chef no nosso bate-papo pós jantar.
CIOCCOLATO, POLENTA, PERE AL MOSCATO E GORGONZOLA – Mousse de chocolate belga 70%, folhas crocantes de polenta doce, pera cozida ao vinho Moscato e sorvete artesanal de Gorgonzola italiano – Sabores inusitados fazem a minha cabeça! Essa instigante combinação de chocolate com gorgonzola, pera e polenta me conquistou.
Para finalizar a refeição, esse interessante vinho de sobremesa grego
O ambiente é bastante agradável, bem próprio para degustar uma garrafa de vinho sem pressa, acompanhado de uma boa refeição e um bate-papo em fogo brando.
Ao final do saboroso jantar, conversa com o chef Paulo Kotzent que me contou tudo sobre seu trabalho no Santovino e também a proposta da Carta de Vinhos a preço de importadora.
Visitei o Santovino no final de 2013, chequei o valor dos pratos principais agora no início de 2014 e, em sua maioria, oscilavam entre R$42 e R$65.