Tive a oportunidade de participar de uma Master Class sobre Vinhos do Alentejo com o grande crítico e especialista em vinhos portugueses, Rui Falcão. Aproveito então para compartilhar muita coisa boa que eu aprendi com vocês.
Os Vinhos do Alentejo são em sua grande maioria de corte (lá em Portugal eles chamam de lote), ou seja, são elaborados com mais de um tipo de uva.
(foto divulgação Vinhos do Alentejo)
De todos os países do mundo, Portugal é quem tem o maior número de uvas nativas (uvas próprias do país) e são mais de 250 tipos.
Normalmente cada uva é vinificada separadamente e, depois, o enólogo faz as misturas que julga convenientes para atingir a identidade do vinho que ele pretende.
Por vezes, algumas uvas entram com apenas 1% a 2% na composição de um vinho mas, como Rui Falcão mesmo disse, igual a comida também é preciso temperar o vinho. Isso é o que os portugueses chamam de sal e pimenta do vinho.
Portugal é dos países mais antigos do mundo, então tudo lá é sempre feito de maneira bem tradicional. O Alentejo é a única região do país que permite a inovação e isso tem um porquê. Assim como as outras regiões portuguesas o Alentejo também produz vinhos há centenas de anos, prova está no icônico Pêra-Manca, que chegou ao Brasil junto com Pedro Álvares Cabral. O que acontece, é que por volta da ditadura de Salazar, determinou-se que o Alentejo produziria grãos e não mais teria videiras. Todas foram arrancadas, sobraram apenas as que ficavam em solos bem pobres onde não dava pra se plantar outra cultura. Como é sabido apenas uvas e azeitonas conseguem vencer em solos pobres e difíceis.
(foto divulgação Vinhos do Alentejo)
O que a ditadura destruiu, a volta da democracia e integração com a União Européia reconstruiu em outras bases. Já não havia mais a tradição, então essa região portuguesa permitiu-se reinventar na vinicultura. Com a entrada de Portugal na União Européia, surgiu dinheiro para financiar uma nova era de produção de vinhos. Cada vinícola tinha 50% do investimento financiado pelo fundo europeu, assim surgiram várias com investidores estrangeiros ou portugueses que ainda não trabalhavam com vinho. Começaram então a plantar os mais variados tipos de uva, nativas e estrangeiras, testando para ver quais melhor se adaptavam à região, das uvas estrangeiras apenas a Syrah adaptou-se com perfeição. Também não tiveram limites na criação dos cortes (lotes) das uvas plantadas.
Hoje 45% dos vinhos que os portugueses consomem são da região do Alentejo.
(foto divulgação Vinhos do Alentejo)
O “Terroir” Alentejano
Entre a imensidão de vales e planícies, o Alentejo possui diferentes terroirs que estão na origem do caráter dos seus vinhos. Portalegre, Borba, Redondo, Reguengos, Vidigueira, Évora, Moura e Granja / Amareleja são sub-regiões dos vinhos com denominação de origem.
Dos vinhos brancos pode-se esperar aromas intensos, originais, frutados, complexos, ligeiramente acídulos, com estrutura e harmonia.
Dos vinhos tintos, cores carregadas, aromas de frutos maduros, estrutura firme mas equilibrada, de grande persistência.
(O “Terroir” Alentejano – tem texto parcialmente extraído do caderno produzido pela Vinhos do Alentejo para o evento em São Paulo)
Mais informações sobre os vinhos ou a região do Alentejo acesse o link.
(foto Jane Prado)
Os vinhos que degustei na Master Class, todos selecionados pelo especialista Rui Falcão e suas importadoras
Adega de Borba tinto 2012 / Cortes de Cima tinto 2011/ Paulo Laureano Premium 2012 / Tinto da Talha Grande Escolha tinto 2009 – importadora Adega Alentejana
Esporão Reserva Branco 2013 – importadora Qualimpor
Vila Santa Reserva Branco 2012 – importadora Porto a Porto/Casa Flora
Dona Maria reserva tinto 2008 – importadora Decanter – obs: grande vinho, aqui custa R$205 mas lá em Portugal custa por volta de 30 euros, se for viajar compre!
Vinhos que eu achei com ótima relação preço/qualidade (preço set/2014) – Adega de Borba Tinto 2012 – R$53 (Adega Alentejana) e Tinto da Talha Grande Escolha tinto 2009 -eleito entre os 50 melhores vinhos de Portugal – R$85 (Adega Alentejana)
Não estava na degustação da Master Class, mas eu provei no evento e também achei com boa relação de preço/qualidade – Marquês de Borba 2012 – tem ainda a possibilidade de comprar meia garrafa 375 ml – R$38 ou garrafa 750 ml R$59 – importadora Porto a Porto/Casa Flora (preço set/2014)